Belém Hilton Hotel - Presidente Vargas
Carta escrita a Manuel Bandeira durante a histórica viagem à Amazônia,
em 1927.
Mário de Andrade
Por esse mundo de águas, junho, 27
Manu,
Estamos numa paradinha pra cortar canarana da margem pros bois de
nossos jantares. Amanhã se chega em Manaus e não sei que mais coisas
bonitas enxergarei por este mundo de águas. Porém me conquistar mesmo a
ponto de ficar doendo no desejo, só Belém me conquistou assim. Meu único
ideal de agora em diante é passar uns meses morando no Grande Hotel de
Belém. O direito de sentar naquela terrace em frente das mangueiras tapando
o teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de
açaí. Você que conhece mundo, conhece coisa milhor do que isso, Manu?(...)
Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não
tenho medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão
esquisita mas verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero
Belém como se quer um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou
em mim...
nossos jantares. Amanhã se chega em Manaus e não sei que mais coisas
bonitas enxergarei por este mundo de águas. Porém me conquistar mesmo a
ponto de ficar doendo no desejo, só Belém me conquistou assim. Meu único
ideal de agora em diante é passar uns meses morando no Grande Hotel de
Belém. O direito de sentar naquela terrace em frente das mangueiras tapando
o teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de
açaí. Você que conhece mundo, conhece coisa milhor do que isso, Manu?(...)
Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não
tenho medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão
esquisita mas verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero
Belém como se quer um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou
em mim...
Um abraço do Mário.
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